quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Nuance

F: Pai, podemos ter uma estante maior e nova para por os livros?
P: sim, mas agora não, que este mês está difícil, temos de guardar um bocadinho de dinheiro e depois podemos fazer isso, está bem?
F: sim, está bem; mas olha, não podíamos ser ricos?

[e a coisa é sentida como uma imperdível oportunidade para a moralização eterna]

P: não. olha que ser rico não é perfeito, tem coisas boas e coisas más: os pais estão menos com os filhos, os filhos passam mais tempo sozinhos porque os pais estão muitas vezes no estrangeiro, os filhos passam mais tempo com as empregadas.
F: pois pai, mas não podemos só ter muito dinheiro, sem sermos ricos?

terça-feira, 18 de outubro de 2005

o Agô

é o avô da S. e, na realidade, é o maior:

87 anos de experiência, savoir faire, ternura, e

- com toda a probabilidade -

o homem com maior experiência em desligar o complicador do mundo inteiro.

a frase da noite não é minha, é de um autor discreto com azedume no máximo:

"Eu estou naquela fase em que as prefiro ligeiramente feias e com um ar consolável."

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Copacetic

Today's Word:
Copacetic (Adjective)
Pronunciation: [ko-pê-'se-tik]
Definition: More than satisfactory, fine, running very smoothly, going quite well.

Usage: This term is rarely used outside North America. It was popularized by the dancer Bill "Bojangles" Robinson (1878-1949), the African American dancer who was so popular that schools were closed in New York when he died. Later it spread among developers of the U.S. space program. Its profile has lowered since then. If you do not like our spelling, "copsetic" will do just as well.

Suggested Usage: The term is perfect if you want to express an intensified "O.K." without going so far as "excellent" or "outstanding." "That solution isn't just good, it's positively copacetic." This word has overtones of "congenial", too: "Things are not so copacetic at the office right now; the new director is a bit overbearing."

Etymology: Today's word entered the language around 1919 among black jazz musicians, but its etymology is unknown. Etymologists have speculated that it originates from an African word in southern U.S. Black English, from the Yiddish phrase kol b'tzedek "all with justice," the Creole French word coupersètique "able to cope with things," and from the Chinook word copasenee, "everything is satisfactory." Take your pick.

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Saldo Zero?

Is the price you pay for intimacy equal to the price you save with your reserve?

terça-feira, 9 de agosto de 2005

premonição ou atraso?

Depois de um fim de semana de campismo a 4, com deitar e acordar ao som de grilos e ondas, com a cabeça de fora da tenda a ver os ramos do pinheiro e o céu e as estrelas entre eles, hesito entre a consagração maníaca da minha capacidade premonitória do meu post de 17 de Setembro de 2004 e a verificação, em vertente self-pitty, dos 11 meses de atraso na consumação do sonho, optando pela primeira, que eu não tive nenhuma namorada enfermeira mas também tenho direito à auto-estima.

Tributo ao Paulo, a.k.a. o Pauo Uindo

Montamos a tenda no quarto de brincar, o F. e o M. dormem lá dentro, depois de, no corredor às escuras, jogarem à apanhada entre as luzes que saem das lanternas.

terça-feira, 26 de julho de 2005

Summer Shortcuts

Caminhadas na praia, iPod no bolso, a areia lisa, sem pegadas, os calções perto da cabana do pescador e o banho solitário. O mesmo passeio repetido a 4, com os putos entregues ao improvável trio formado pelos pais do filhinho da mamã e a mamã da filhinha do papá.

O "lanchinho" na esplanada, até às 10 da noite, seguido de um potentíssimo digestivo, de seu nome "tiro-e-queda", servido pelo ansiado Dinis, de olhos raiados de tanto tiro, numa garrafa de "fervorosa" que invejámos e que ele reteve "por tradição da casa" e, depois -mas só para os mais duros - um shotzinho de "tiro e tomba".

Tomba dos putos, com Harry Potter (assim, com H aspirado)seguido de Queda e Tomba, a 4, no sofá.

E, já de regresso, o improvável encontro com o F., daquelas pessoas que, nem que fosse só pela beleza, seria sempre um prazer rever.

A nossa razão de ser

embasbacado com o hurricane M., perplexo e imóvel perante o seu poder de conquistar o mundo e de o mudar, devo ter libertado um olhar resignado que levou o enfezado pescador/ cozinheiro a

a dizer-me

(mas só depois da confissão "que não tinha família, porque aquilo de que ele gostava,

MESMO

era de cozinhar"):


"é assim que nós vemos a nossa razão de ser"

e,

enquanto eu ainda meditava, agarrado ao sentido mais literal da expressão,
a explicar-me

que somos assim porque os nossos pais se empenharam em nós.

Férias repartidas

Na verdade - como diria a X., do alto dos seus 5 anos acabados de fazer -, para além da evidente agregação de fins de semana, as férias repartidas trazem consigo o prazer dos regressos e, com um pequeno intervalo quase lúcido para trabalhar (pouco) a fantástica antecipação do prazer de reentrar de férias.

quinta-feira, 23 de junho de 2005

Salamandras Humanas

A propósito da J., que pega em brasas e panelas a ferver com a mão, fica - apesar da preocupação que gera o facto de ser já o terceiro - mais um tributo ao T., que nos lembrou que essa maravilhosa expressão nos vem

from the back of the mind

de uma colecção de cromos, nos idos de 80, sobre os recordes do mundo.

Capacidade de Observação?

O meu filho F., depois de estar no meu gabinete 20 minutos pergunta:

"Ó pai, porque é que vem tanta gente aqui ao teu gabinete?"

Só deu para me rir, chamar o A. e confrontá-lo com a evidência na boca de uma criança.

terça-feira, 21 de junho de 2005

Tributo ao Júlio, a.k.a. Jumá.

Em 1981 o meu pai regressou de uma longa ausência profissional nos Estados Unidos da América e - apesar de terem perdido a mala dele, que depois chegou a nossa casa numa forma que, ao tempo, me era misteriosa e me fez re-acreditar nas cegonhas de paris - trouxe prendas fantásticas.

Lembro-me de uns tacos - um azul e um vermelho -, feitos de espuma, com que jogámos horas infindáveis de basebol e, em particular, de uns headphones para cassetes de marca Accona, com um estojo azul. A causa teve o seu primeiro efeito quando passei a gravar o TopTNT em cassetes em cujas caixas e autocolantes escrevia "Vários" e que me acompanhavam para o Colégio, quase todos os dias.

O segundo efeito foi melhor que o primeiro: o Júlio, meu amigo do peito de então, gravou-me duas cassetes em que escreveu "Duran Duran" e "Men at Work", e iniciou-me, então a sério, à mais maravilhosa das paixões e ao mais fantástico dos coleccionismos.

Não admira que, quando os ouço, no incógnito ou no iTunes, me lembre de nós a percorrer o pátio do colégio, a partilhar os headphones.

Como um cliché se diz com um cliché, um straight forward diz-se assim, com as palavras:

Vai correr tudo bem.

sábado, 18 de junho de 2005

Por exemplo:

"Lot of people have various definitions about what jazz is and what jazz isn't.And after all these years I have come to the conclusion that all music, if it's played well, is good; if it's not played well, is not so good."

(intro a Good & Bad; Povo feat. Ed Thigpen, in Saint Germain des Prés, Vol.6)

Há determinadas coisas que, quando entram na nossa vida, a mudam completamente

Uma delas é a tartaruga que hoje entrou cá em casa, a pedido do M..

Desconfio que, para o puto, era claro que, a partir deste momento, ele deixou de ser o boneco da casa; agora, só lhe resta treinar o bicho para parceiro de cambalhotas, mergulhos e derrapanços e sacanços de peões. A "ilha" - assim lhe chamava a embalagem - é aproveitada como rampa de skate pelo M., que ensina à ninja as artes do skiming, do surf e do body board perante o espernear que o M. se recusa a entender como um pedido de ajuda até que a carcaça assenta, para sempre (?) no fundo do aquário.

A outra coisa - imagino - são os casinos, em que o aperaltado pato bravo estoura aos centos de contos em slot machines com uma requintada técnica importada: prime o botão de "aposte 3 fichas" e, com 1600 créditos, tranca - como fazíamos, nas campainhas, com os palitos - o botão da aposta com um cartão de plástico do clube-in (until you're out) do casino e, farto de preliminares, se recosta na cadeira, a ver a contagem dos créditos acumulada subir e descer (mas quase sempre descer).

O homem vela o seu cartão pela noite fora; eu velo a tartaruga a tarde inteira.

terça-feira, 31 de maio de 2005

O melhor apanhador de pulgas da areia

do mundo é o F., que as apanha às 5 de cada vez e as põe no fundo do balde, depois de me ensinar que as mais fáceis de apanhar são - paradoxalmente - as maiores e que a melhor técnica, recomendada em todos os livros da especialidade, é mandar-lhes com areia para cima e depois apanhar o conjunto.

O F. também apanha carochas, mas essas não precisam de ir para o balde. Basta enterrá-las na areia e por um pau a marcar o sítio onde as enterramos. Depois, só tens de te lembrar onde está o pau, tirar o pau e cavar, que elas ainda lá vão estar.

Apostado em melhorar a técnica, o F. despeja o balde com as 7 pulgas em cima das carochas, enterra-os e marca o território com um pau de gelado. Passados perto de 10 minutos e apesar de eu o tentar demover, com medo da sua frustração, lá as consegue encontrar de novo, às carochas e às pulgas da areia, que devolve à natureza.

A frase

mais adequada ao contexto de todos os tempos, ouvimo-la no concerto dos Duran Duran, rodeados de people like us, quando a S. me perguntou quem é que cantava o original que ouvíamos agora cantado pelo Simon cheio de cortisona para aguentar um concerto (e, nem assim o aguenta todo) e, de trás de nós, ouvimos, da boca de um Roadie:

"Era a Donna Summer" e,

perante a nossa (agora evidente) incredulidade,

o reforço com:

"eu tenho o vinil"

terça-feira, 24 de maio de 2005

e agora, coisas boas

Saída à noite com a S. e o ZN, o mais fanático dos lampiões, que, por impulso conjugal que lhe permitiu controlar a avareza, atravessa o atlântico por um fim de semana e ruma ao bessa.

Encontro, na mesma noite, com o A. e M., que me perdem em gargalhadas por força da sua imutabilidade: hoje, como há 10 anos atrás, a M. não sabe o seu telemóvel e conserva uma ingenuidade e uma loucura invejáveis, que lhe trarão e, porventura, evitarão alguns dissabores; o A. continua a gozar o pratinho todo sem que o interlocutor perceba, continua a não se deixar gozar, continua aparentemente solteiro - oh, mistério insondável - e, como no 12º ano, continua a não se comprometer, nunca, a não ser no abraço de final de noite.

Um sofrimento maravilhoso

é como o NR, convencido pelo meu irmão M., aos 50 anos, a levar o filho adolescente ao futebol, descreve a sua nova paixão, ao mesmo tempo que, nas roulotes, de imperial em punho, descreve com os olhos marejados a alegria de ver passar a camioneta com os jogadores do SCP.

"Ele ficou encantado!", é a frase que um avô usa para descrever a alegria do neto quando eu, o M. e o D. o levantámos nos nossos braços e festejámos um golo, por sugestão do M., apostado em garantir que aquele miúdo, um pouco mais velho que os nossos mais velhos, não mais esqueceria aquele momento.

O SCP mostra, mais uma vez, ser o clube do quase: Quase que eliminou o SLB, quase que foi campeão, quase que ganhou a UEFA. Agora, como ouvia na escola primária, "agora só falta o quase".

11 anos depois

os lampiões pintam a manta de vermelho.
Seria algo que, ultrapassada a fase da derrota pessoal, digeriria com relativa tranquilidade - perante a indignação do meu pai e do M. - não fosse a súbita irritação por ter de conviver com um colega que representa tudo aquilo que eu odeio num benfiquista: futebol na televisão, que o estádio é perigoso e cheio de primários, desprendimento nas fases negras do clube, apego e paixão maníacos na fase das vitórias, anti-sportinguismo primário que o leva a esquecer-se de festejar as vitórias com os colegas benfiquistas sem antes botar abaixo os colegas sportinguistas.
Eu, que gosto de sacrificar o meu sportinguismo em homenagem às minhas relações pessoais, confesso que isso me faz uma imensa impressão.

11 dias depois

e ainda não perfeitamente recomposto de uma semana excelente sob o ponto de vista profissional e completamente arrasante sob o ponto de vista desportivo, volto a ter a tranquilidade - quer profissional, quer desportiva - para regressar a este espelho, sedento de divã.

sexta-feira, 13 de maio de 2005

1 ano a mais e um dente a menos

No dia em que o M completa 3 anos, o F perde um dente, arrancado carinhosamente na escola pela PB, porque "ela é que é a arrancadona de dentes lá da escola, pai".

domingo, 8 de maio de 2005

Maniqueísmos - Take 1

Apesar de nos podermos sempre socorrer de umas fórmulas muito seguras, do género dividir o mundo em "os amigos e os outros", e apesar de qualquer das seguintes poder ser integrada em qualquer dos lados da anterior, é sempre bom saber que, numa situação de desespero, podemos dividir o mundo entre os que

dormem na praia

e os que

não dormem na praia porque faz imenso mal.

Spots - Take 2 - O Juvenal

é o concessionário [o legalizado, o da direita, o limpinho, o imaculado, com multibanco e factura, que o outro, o do Dinis (o da esquerda, nem por isso, nem pensar, só dinheiro ou paga amanhã, que eu não ve vou embora, você também não, qual é a pressa?!), mantém-se a viver dos proventos da barraca, como se nada fosse] do restaurante da praia do Carvalhal e, porque faz parte do estatuto, tem negócios de imobiliário que deixa ao sogro, "garanhão" de seu nome, pescoço e colo adornados por uma corrente que traz pendurado um falo dourado - por certo que não é de pexibeque (fica assim).

Esta malta que divide o território com uma passadeira de madeira empresta-nos a ilusão de pertença, a sensação de familiaridade dos pés descalços e com areia, que nos leva a convidar os amigos, os velhos e, às vezes, como hoje, os novos, a passar um dia naquela praia, com vista para aquele mar e para aquelas dunas que por vezes me fazem antecipar a reforma, perder o título académico, passar a 'Ti e deliciar-me com o sotaque.

rumo ao verão.

Bossacucanova, live in Lisbon.

quinta-feira, 5 de maio de 2005

You'll never walk alone

quarta-feira, 4 de maio de 2005

Perspicaz

[do lat. perspicace.]Adj.2.g.1.Que vê bem; que observa; penetrante.
2.Dotado de agudeza de espírito, ou que denota essa qualidade; fino, sagaz; observador; homem perspicaz, observação perspicaz, olhar perspicaz.3 Inteligente, talentoso [Sin. ger.;perspícuo.Superl abs. sint.:

PERSPICACÍSSIMO!]

a propósito de mais um episódio de transparência pessoal e com a inestimável colaboração do Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2ª Edição, Revista e Ampliada, Editora Nova Fronteira

6ª feira à noite - take 3

6ª feira à noite - take 2

terça-feira, 3 de maio de 2005


6ª feira, noite - take 1

sexta-feira, 29 de abril de 2005

Auto Reparadora Central

Puto da vida - por ter sido abalroado por um fogareiro (Sr. fogareiro, como diria o PdG) em fúria, que levantou o carro do chão e pôs o M. a chorar e a dizer que tinha ouvido tiros - entro na garagem, na manhã seguinte, para orçamentar o dano.

Sou recebido ao som do Don't cry for me Argentina, entoado em coro pelo bate chapas, o pintor e o mecânico, do fundo das almas nada entranhadas pelas manchas de tinta e óleo que carregam nas roupas e nas mãos que transformam as minhas mãos, naquele instante do cumprimento, em mãos de senhora bem tratada num qualquer centro estético da capital.

terça-feira, 26 de abril de 2005

Não que precisássemos,

porque não haveria silêncios incómodos entre nós, mas o iTunes em party shuffle é uma maravilhosa companhia.

A nova decadência

da tv nacional não é a quinta das celebridades, não é o Herman - que já ninguém lhe liga, com as stripers escritoras e os transsexuais decadentes, a cantarem em playback uma música a dar ares de techno mas mexendo os lábios ao ritmo de um fado marialva - mas um pretenso programa de apanhados/ teste a fidelidade do seu conjuge/ veja se o seu sócio é sério/ se o seu filho gosta de si/ se você gosta de si, mas com miúdos de 16 anos, sentados numa esplanada ao pé da escola secundária, de que só vi e verei a apresentação.

Há uns dias, olhava-se para estes programas, importados desse grã-mestre da tv, o Brasil, com a tranquilizante desculpa de que os protagonistas eram adultos, que sabiam o que faziam, e que a apanhadora merecia sofrer porque quis jogar e que o apanhado merecia sofrer porque não conseguia ser mais forte que a moral de meia tigela do mainstream audiovisual.

Agora, que nos tornamos mais complacentes ainda, a idade já não interessa. E é só mais um degrau.

Da estante verde

Johny the kid

na relva, a rebolar com o J. e o Baia "outra vez, outra vez, só mais uma!", a puxar pelo G, "remata com o esquerdo, corre, corre para o espaço vazio", e o M. atrás, "xaço jagio, pai, xaço jagio, pai".Rodo o Baia, o J. e o G. até ficarem tontos, tontos a cair, e pedem mais, e mais, e caem, e caem.

Eu, o M. e o D. jogávamos à bola, na relva, com os miúdos das outras casas. E ninguém nos ganhava, nem ganha, nem quando o D., à baliza, apanhava bichos e plantas enquanto a bola entrava...

E o F, vindo de casa, com as cartas, e os conjuntos, por cores, por famílias, por parentescos, e uma insondável combinação de variáveis "made in Xi", em que os elementos das famílias se pegavam ao colo - o resto não percebi mas joguei e disfarcei.

O jogo era meu ou dos meus irmãos e resistiu, naquela casa, até hoje, em que foi eleito o objecto transitivo do F.

Abraçado, por trás, pelo G., o empregado da semana, a dizer, "muito giro esse jogo, tio", e o pai, o tio, a adormecer na relva para fazer de monstro a que os quatro primos têm de roubar os tesouros, e gargalhada, e molhada e os putos ganham, depois de tudo roubado à baleia anfíbia.

A piscina era de plástico, cor de laranja, e num ano bom, houve um upgrade de uma de dois níveis para uma de quatro, e passávamos horas a correr, de um lado para o outro, para saltarmos lá para dentro. No fim de verão a piscina era tirada a ficávamos todos a ver o círculo mágico que deixava marcado na relva.

A S., a J e o M. deixam-me dormir até ao meio dia. Depois de mim, só acorda o T., o nosso hóspede, que compensa o seu silêncio com a gargalhada com que brinda as nossas estórias da véspera.

O fim de semana acaba, com a viagem de regresso, declarações de amor a 4 e o meu cantil cheio, que o F. nos ama, em versão G, "como de ir da terra a todos os planetas e voltar" ou, em registo próprio, "como se uma pessoa estivesse a contar até 160 mil e infinitos".

sexta-feira, 22 de abril de 2005

Onde está o wally?

Excesso de intimidade, violação, invasão, é o que sinto quando sou obrigado a tocar na escova de dentes (velha, gasta, usada) que a colega que eu mais odeio deixou em exibição no lavatório do wc, em exibição pública bigbrotheriana que me repugna ao ponto de pegar na escova, enojado, com os dedos em pinça, e arrumá-la dentro do armário, entre pochetes femininas presumivelmente com objectos de higiene intima diária (ou não), pastas de assuntos sem dossier, arquivo morto e anexos de processos crime que nunca ninguém leu ou lerá.

quinta-feira, 21 de abril de 2005

e, nem de propósito

volto ao verdinho (cuja D.Dona H. apelida - e creio que bem - de snack), onde sou recebido pela lilás, que atira, à minha chegada, de chofre, como se tivesse lido o post de ontem: "está-se a rir?"

Com a consciência pesada pela instrumentalização de ontem, já corado e tenso, arrisco um "é o seu ar de má que me faz rir" e paro a boca por aqui, mas ainda me oiço dizer "de nervoso".

A C. vela por mim: "não pense tanto, não pense tanto" e, da mesma penada, brinda-me com o nome da colega que tanto me atemoriza e que o PdG, sem hesitação, chamaria de sufragista:

"Ó Pimenta, posso levar a loiça?"

Duvido que Pimenta seja nome próprio e, também por isso, não tem direito a inicial.

quarta-feira, 20 de abril de 2005

Spots - Take 1 - O verdinho

nem se chama assim e é, como o próprio nome indica, um lugar popular.
Ao contrário do que o nome indica, não tem nenhuma ligação com o Sporting. Nenhuma, porque os donos são tão pardacentos que aquele balcão não se alimenta dessas conversas, mas apenas de rapidez, eficiência e alguma - q.b. - simpatia.
No verdinho encontro colegas de escritório, em passagens fugazes ou de auto comiseração por não almoçarmos sentados.
No verdinho encontra-se a D.H. dona, sempre vestida - que não se farda - e sempre com aquele seu ar potencialmente frígido de quem encara a sexualidade como dever de ofício que surpreenderia todos os que não conhecessem o seu marido, o Sr. V., "the king of pamonhas".
Do lado de lá do bar militam ainda 3 moçoilas do interior, todas de bata verde às riscas, mostrando as pernas sem saias ou calças - que os frigoríficos fazem um calor dos diabos! -e as sandálias de enfermeira: C., D. ou a lilás cujo nome e inicial desconheço, tal é o meu medo da sua agressividade.
E, em todo o caso e talvez por isso, continua a ser muito bom passar por lá.

segunda-feira, 18 de abril de 2005

granny

recordo, já com alguma distância histórica muito útil neste tipo de coisas, a senhora, sempre muito magrinha, sempre muito enrugada, sempre tão pitosga que assumia a alcunha de mrs. maggoo e se ria com o boneco da tv, sempre muito bem posta, sempre muito cheirosa, sempre muito crítica, sempre muito cívica, sempre muito centrada, sempre muito opinativa.

e revejo-a muitas vezes, sempre de bengala, a entrar na pastelaria do bairro, para pedir uma sanduiche e uma groseille.

rito,

"conjunto de cerimónias prescritas para a celebração de um culto":

Encontro na Versalhes como 1 hora e meia de antecedência, prego excelso e mergulho no metro, compra de bilhetes de ida e volta, chegada ao Campo Grande virados para a porta da esquerda, saída pela porta do correio da manhã, buja nas roulotes perante o olhar enojado do progenitor, subida e entrada no estádio, ida rápida à casa de banho, café, subida da bancada, distribuição dos lugares, golo, esperança, intervalo, sala de convívio - rito dentro do rito - nova subida, cenários obrigatórios - "temos de marcar até ao minuto 70" - minuto '70. novo golo, mais esperança, mais golos, abraço colectivo, com desconhecidos ao barulho. Regresso no mesmo metro, distribuição familiar e telefonemas aos amigos sportinguistas, com quem, mesmo não estando, também passei aquelas duas horas que tomaram conta de mim.

segunda-feira, 11 de abril de 2005

Psícologos de trazer por casa

Sou acordado, depois de noite completa e complexa com a S., pelo M., deitado em cima de mim, mão e beijos na minha cara. E, depois, naquele seu jeito de quem avisa que nos topa à légua:

"pai, oia mim, pai; tu vai rir".

E canta: "pim pim pom pim pim pom pi".

E eu ri, claro.

Umas horas depois, o F., para o M.: "olha, tu só pensas que tens piada, mas não tens!"

Sorrimos.

sábado, 9 de abril de 2005

Bring the boys back home - the 1st comeback

uma vantagem colateral

do iPod é que os discos começam, lentamente, a regressar do carro e do escritório a casa, e, depois de uma breve e higiénica passagem pela drive de cd's do portátil, às suas saudosas caixas.

the flavour of the moment



No dizer dos Autores: "We have prepared "uma batida diferente" especially for your musical enjoyment. For the full benefits of this heady mix of beats and melodies, please secure a tranquil moment, select the right company and relax your mind and your eyes. Let our soundwaves take you to the magnificent sunsets of Ipanema beach. Allow the batuque to loosen your body and enchant your soul. Have a groovy journey, enjoy!"

terça-feira, 5 de abril de 2005

I am scared to death

.

e a memória do "afro-americano", 2 metros e 140 kilos, a derreter-se em suor, em suor de medo, confessado pelo próprio a mim e à S., dois desconhecidos, perante a impotência do amigo que só sorria e nos agradeceu, cumplice, termos passado os 3 minutos da descida a falar com ele, perdendo grande parte da viagem.

segunda-feira, 4 de abril de 2005

Os feios

são normalmente, nas histórias infantis, os maus.

Na realidade, os maus nem sempre são feios e os feios nem sempre são maus.

Tento explicar isto ao F. e deparo-me com a minha própria angústia ao beijar as faces de pessoas tão feias, tão feias, que, na impossibilidade de fechar o livro, me apetece cumprimentar de aperto de mão, apesar de isso ser potencialmente tão deslocado como desatar a correr pela sala queimando folhas de papel ou despejando garrafas sobre o tapete de arraiolos.

quarta-feira, 30 de março de 2005

Double decker bus

Com agradecimento à J. por me ter trazido esta memória do back of my mind: não há nada como andar no banco da frente do piso de cima do double decker bus e, num dos lados, sentir o avanço para as àrvores e para os prédios, a fazer as curvas.

Shangri-la

De visita ao meu amigo Irene (sim, Irene, mas calculo que não se escreva assim) fico na sua companhia ao balcão, bebendo cerveja nacional num copo de metal que mandou "vir da ìndia, gravado e tudo, por 12 cêntimos cada", e assisto - passivo, cauteloso - aos sucessivos shots com que brindam cada uma das suas visitas de ocasião, os vizinhos dos bares que cravam moedas ou garrafas.
Sugiro que afixem - a ideia vem-me dos olhos deles - um letreiro com a proibição de mais de 15 visitas por noite.
O écran gigante passa telediscos indianos - feitos em Londres - e é o barman de metro e meio, de nome Sonu (esse eu sei, que o tem tatuado no braço direito) que escolhe as faixas do dvd, de que me vai traduzindo os refrões.
O Sonu não chega à parte de cima do balcão, aquela onde os copos são pendurados de cabeça para baixo, mas sempre sem falar e sempre sem parar de trabalhar, faz sinal ao outro barman - numa terminologia anglo-saxónica muito em voga, o barman senior - que, impávido, se aproxima profissionalmente e completa o Sonu em 30 centímetros.
O barman senior, ao fim de duas horas de copos conjuntos, tratava-me por senhor e, à minha pergunta respondeu:"chamo-me greenwich, senhor, greenwich como o meridiano"

Tributo à P.

e à forma com que, na sua serenidade, discorre - para me dar o conforto de um par - sobre a ânsia de adormecer o último (em casa dela, é a última) e de mergulhar no sofá.

"The title focuses - sweeping in its language from avant-guarde to down home - on a family moment. In this instance, we arrive when children are resisting going to sleep. They are running around and making noise in an attempt to cram all of the possible happiness into those last minutes before, as ordered, they must become horizontal and still until the next morning.
The time of sleep arrives through a process. It begins with calming the children down, getting them into pajamas, and making sure their teeth brushed. As usual, they pretend as long as they can that they either didn't understand what was asked of them or that, if they are given just one more minute, they can finish what they are doing and, then, get right to bed. When they can no longer hold off getting ready for bed, they face the blues of playtime ending and begin thinking of a way to get that blues off of them.
Once the parents get them between the sheets and put the pillows in place, the children come up with a solution to the blues. The parents will have to become storytellers. They have to entertain the children with one kind of fantastic tale after another until a smooth story about something sweet and beautiful is delivered in both a soft voice and enough whispers to take the kids over the brim into that place where sleep has been waiting for them.
At this victorious point, that happiness rises up from the world of the children and inhabits the parents.It sneaks up on them but never catches them off guard because the parents have been waiting for that special happiness. In the virgin quiet of the night, their time has arrived. A joy no child ever experiences is upon them. It is the joy of romance. It is another bedtime story, one of the fairy tales that adults love to hear over and over, and to play their parts in whenever they get a chance, solely because romance provides the mask of magic that allows men and women to enter a sweltering and tender dreamland while wide awake."

Stanley Crouch sobre "the magic hour", do album de Wynton Marsalis com o mesmo nome.

terça-feira, 29 de março de 2005

Shortcuts

Entro no Bartis e o M. pergunta: "quantas pessoas?"
Respondo que estou sozinho e ele diz-me para me sentar no bar, que era o mesmo o que eu queria ouvir.

Saio da porta, viro à direita, subo em direcção ao MahJong, e, a contra luz, a rapariga (que palavra é esta, que não a consigo substituir?!), de bandeja de vime à cintura, presa pelo braço esquerdo, com uma delicadeza firme que cuidava maternalmente do objecto carregado que, vim a saber, eram ameixas recheadas que a varina tinha acabado de fazer, em casa, e com as quais ia, agora, brindar os passeantes a troco de um euro. A ameixa era intragável.


Entro na caixa geral de depósitos da calçada do combro, rumo ao Incógnito, e atrás de mim, um homem pequeno ostenta orgulhosamente uma T.shirt branca com letras vermelhas

"I AM THE DOOR"

Rio e digo: "porquê?, vais ter de me explicar o que é que isso quer dizer".
Ri e responde: "pois, na altura fazia sentido, que fui porteiro numa festa organizada pela minha melhor amiga. Agora, já não sei"

Requisitos Profissionais

F.:"Pai, para ser advogado é preciso ir ao futebol?"

segunda-feira, 28 de março de 2005

The icing on the cake

.

compulsividade

A somar a 3 discos de jazz e a um de new order, tudo na Sexta, em raide compulsivo de visa em punho, complementado, às 10 da noite de Domingo, com o M. de pistola em punho, noutro raide compulsivo em busca do mini iPod em que haverei de converter as amêndoas da páscoa dos meus pais.


auto retrato com regresso ao passado Posted by Hello

quarta-feira, 23 de março de 2005

Dê-me do meu lote, por favor

Sento-me na sala e oiço a minha tia dizer que, hoje, prefere o café delta. A minha tia sempre teve um café preferido e chegou a fazer uma família de 10 pessoas mudar de esplanada para beber o café que ela tinha, ao tempo, adoptado: o buondi.
Contam-me, que antes, tinha sido o nicola, mesmo na nicola, e que só podia ser na nicola.
Soube hoje que o meu avô materno "sabia fazer lotes, diferentes, para as várias ocasiões e momentos", mas que a minha tia, "lamentavelmente", segundo ela, "não os escreveu".
A minha tia habituou-se com a sogra a moer o café antes de o beber. E resistia às caixas, moendo apenas a dose estritamente necessária aos convivas que convidadara a desfrutar do verdadeiro ouro negro.
O J., um amigo da família, prefere o chá; mas ainda hoje não resiste a comprar um específico lote, numa específica loja da especialidade. O lote foi named after uma tia dele, que o inventou, há muitos anos. A loja em causa decidiu manter a combinação (que ignoro) e, em tributo à sua autora, chamou-lhe lote Brízida Cannas. Hoje, a Brízida Cannas entra em casa de pessoas que não a conheceram, que não conhecem a origem da história, com o mesmo requinte com que, nos anos 30, entrava na loja e de luvas e sombrinha, pedia: "do meu, por favor, do meu."

Recuerdo

A ora estilosa sushi, ao tempo estendida no chão da sala, numa carpete muito 70's, de pelo alto e branco, de calças cinzentas e sapatos "de tipo francês", acompanhada de sua cadelinha poodle de nome Natcha que se confundia com o tapete, ouvindo supertramp e oferecendo-se para me fritar umas iscas; a consulta do horário escolar, vestido de fato de treino azul "Le Coq Sportif", que eu adorava, calçado de ténis, acompanhado pelo meu cão - o rusty james, todo inspirado no filme que vira, acompanhado pelo meu pai, no Apolo 70.

Hoje, tatoos, no dogs nor other pets, turbinas e mota; calças e chinelas, camiseta, que as t-shirts deixou-as em Lisboa. Nota 8 em estilo modern cool.
Hoje, fato cinzento, camisa azul clara, gravata azul escura. Nota 8 em estilo executive.

O Carro mais bonito do mundo

é o meu, de manhã, com o F. numa janela, o M. na outra, ambos a fazerem bolas de sabão que eu vejo nos retrovisores.

segunda-feira, 21 de março de 2005

6 milhões de hipócritas, por um dia

Tal qual o recebi, de uma benfiquista, que na ânsia de ter o título que busca - e que se arrisca a ganhar, sem saber ler nem escrever - se faz de minha amiguinha, para que o Sporting hoje ganhe ao Porto:

"Hoje, mas só hoje, estou a torcer por vocês.
Boa sorte."


São tão nojentos como os Sportinguistas que, de tão anti benfiquistas, querem que o Sporting perca.

sábado, 19 de março de 2005

Auderyutuburn

sexta-feira, 18 de março de 2005


By appointment of his Majesty, the king of left foot, aka Mr. Burck

Leges Artis

O perfeccionismo dos roupeiros do Sporting foi ontem levado ao extremo. Jogadores entram, enfileirados, com os vincos - os vincos certeiros, rigorosos, infalíveis - bem marcados nas camisolas. Um departamento inteiro tinha passado uma tarde inteira a passar a ferro e a dispor, no balneário, em frente a cada um dos cacifos, as camisolas que os jogadores (uns mais que outros, mas parece que é mesmo assim) haveriam de trocar ao intervalo por outras, outra vez imaculadas e vincadas.
A cereja em cima do bolo apresentou-se a meio do jogo, quando o puto - que maravilha, puto, g'anda jogador que vais ser - faz sinal ao banco que precisa de uma bota nova, que a outra estava a dar sinais de erosão. Sai disparado o Paulinho, desce a escada e, minutos depois, sobe o outro roupeiro - que este não tem nome, que o Paulinho é o Paulinho, que já ouviu um estádio inteiro a entoar o seu nome, com a cara projectada, em lágrimas, no "megascreem", como diriam os meus amigos dirigentes do rival da segunda circular - e o puto sai de campo, o mais rápido possível, doido por voltar ao campo e voltar a poder correr, agora bem calçado.
Mas o roupeiro trazia uma surpresa: "que prazer é prazer, cognac é cognac, trabalho é trabalho, que eu sou um profissional, claro que os atacadores têm de vir atacados, senão até podiam dizer que eu não faço bem o meu trabalho. Se o gajo precisasse de uma camisa para entrar em campo, eu traria a camisa toda abotoadinha; se precisasse de uns calções, os cordões viriam atadinhos com aqueles nós triplos que aprendi com o roupeiro do Milan e que os jogadores gostam imenso, porque não ficam nús nos cantos; é que a mim pagam-me para cuidar da roupa e não para a trazer toda aberta, que isso seria um desleixo e depois seria expulso do sindicato"

quarta-feira, 16 de março de 2005

A Torre - publicado um ano depois

Há uns meses, comentei com a Sofia que, quando vou o levar o Francisco à escola, me apetece lá ficar, com a Patrícia, a Laurinha, o João e o António Santos e todos os outros e esquecer o escritório, as reuniões, os clientes.

Na 2ª feira passada (1º dia de férias da Páscoa) comentei com a Sofia que “não me apetecia nada esta semana”. E ela, com aquela rapidez que lhe é típica, provocou: “claro, falta-te o incentivo matinal”. Ainda hesitei mas, depois, só sorrimos.

Era verdade.

Tenho pensado muito porque razão me sinto assim, com e na Torre.

Hoje, olhei para o frigorífico e lá estava, como sempre, o recado da Patrícia sobre o “aterrador” (temo-nos esforçado, não temos?) horário da ginástica.

E foi ao ler o recado – ou antes, ao ver o recado – que percebi.
O recado é uma fotocópia de um recado escrito à mão pela Patrícia mas tem, no canto superior direito e escrito à mão e a tinta, o nome do Francisco.

E foi aí que me lembrei dos recados, escritos e entitulados de “circular nº 256/2003” que sei serem distribuídos noutros colégios, em envelopes em branco, pelo contínuo da entrada, na sua impecável farda azul.

E também me lembrei que, na Torre não há senhoras da entrada, nem senhores da carrinha, nem senhoras da limpeza, mas apenas pessoas e nomes.


E da Anita ao tempo na sua veste de directora pedagógica quando nos recebeu e encantou, a mim e à Sofia, quando nós andávamos, ridículos, a “estudar o mercado”.

E da Sofia – em boa hora, o teu dogmatismo – ao dizer: “o Francisco vai para a Torre”.

E da Inês Leão: foi tão bom testar as suas convicções para fortalecer as minhas.

E da Anita, já na sua veste de Anita, a fazer-nos adeus, a mim e ao Francisco, nós no carro e ela à chuva, num dia em que o Francisco me pediu para esperar, dizendo: “pai, deixa a Anita sair do carro para dizermos adeus”. Como será que ela percebeu? Terá ouvido o seu nome?
E então, pensei na intimidade – extensão da nossa casa, extensão de nós – partilhada na Torre. É esse o seu segredo, creio.

Coisas que (quase) faríamos por 20 euros

segunda-feira, 14 de março de 2005

(RTP) Memória

São duas da manhã e finjo que acordo para (re)(re)adormecer um deles - para dizer a verdade, não me lembro de qual.

regresso e a tv mostra uma revolucionária tranquila, discorrendo sobre a nacionalização do hospital de santa cruz.

reconheço-lhe a cara e a tranquilidade de sempre, e,

como que acordando dum sonho, digo:

"mãe?!"

sexta-feira, 11 de março de 2005

Taxi Driver - take 1

Entro e, de chofre, pergunto:

"para que serve esse espelho pequenino?"

resposta:

"é o espelho maroto, é do meu colega, mas ainda há pouco entrou uma senhora e não serve para nada"

contra resposta:

"mas o que interessa, se calhar, é só a fantasia..."

as alegrias do irmão mais velho

estórias sem coincidência temporal:

T., sobre a irmã: "Pai, já sei o que é que podemos fazer agora que a mãe não está - podemos por a X. no lixo!"

T., acordando com cara de deleite: "Mãe, acordei de um sonho tão bom - estava em casa da avó e a M. já tinha morrido!"

F., com carinha de anjo: "Mãe, sabes o que é que eu pedia se viesse aqui uma fada? Para nunca mais ver o M."

quinta-feira, 10 de março de 2005

és uma nódoa

Há algo mais humilhante que, a caminho de uma garfada, ser obrigado a ir buscar o material transportado à - até então - imaculada camisa branca?

Que mal fiz eu a Deus - Take 1

Sábado de manhã, ginástica do M.
Pulo para me deitar no colchão e o M. corresponde, mostrando estar à altura e deita-se sobre mim, aninhando-se no meu peito.
É seguido por D., miúda da sua idade, que lhe imita o gesto.
Ficamos, imóveis, um minuto, com os miúdos com as caras no meu peito, a olharem um para o outro.
Levantamo-nos e a mãe de D., a chorar, diz-me:
"sabe, ela fazia isso, aqui na ginástica, com o pai, que morreu há 6 meses."
Só me saíu: "mas espero que ela, apesar de tudo, tenha gostado, que tenha sido bom para ela."
E saí daquele filme, que não saíu de mim.

quarta-feira, 9 de março de 2005

tributo a Saldanha Sanches

os anfiteatros da FDL são lugares solenes.
(falo sobretudo da memória de um tempo frio)

hoje ou ontem, um desses anfiteatros - com aula a decorrer - foi invadido por alunos de megafone, apelando à união dos alunos em protesto contra decisões do Conselho Directivo.

sei que houve 3 almas corajosas que se levantaram e que - imagino - terão aguentado o frio do anfiteatro e da solidão, perante os olhares dos colegas de caneta em riste, prontos para continuar a tomar frenéticos apontamentos.

só que - sei - desta vez o professor era outro e era um que, depois de incentivar os alunos à participação, se recusou a continuar a aula para alunos que, naquele contexto, não se solidarizavam.

não faltarão - imagino - almas ofendidas,

- "que é injusta a privação das aulas"

- "não sei mesmo se não será inconstitucional, por violação do direito ao ensino" diz o aluno da primeira fila, ainda sentado e ainda de caneta triste em riste.

Aqui, de longe e no conforto de um gabinete, gostava de lá ter estado e de me ter levantado, espreitando os cadernos dos colegas da primeira fila para ler, a lápis azul "aula interrompida por acto de insubordinação discente apoiado por membro do pessoal docente".

(se bem que, se bem me conheço, era muito improvável - e não só por boas razões - que estivesse na sala)

terça-feira, 8 de março de 2005

My toe

Passei o dia de ontem a sentir o dedo grande do pé, o que não teria nada de extraordinário se eu tivesse pontapeado um armário a caminho da cama do M., no escuro nocturno do corredor ou se eu tivesse trocado o mindinho por aquele dedo e oferecido este em sacrifício para que o SCP fosse campeão, como prometia o G.

A situação também seria negligenciável se eu não estivesse naquela fase em que o corpo se faz notar e só suscita comentários complacentes do ortopedista, do género "você está gordo e mais velho, mas não tem nada nas costas"

Pensei o dia todo no significado imanente de sentir o corpo, de reconhecer a azia, de me proibir iguarias, de penar depois de atirar os meus sobrinho e filho mais velhos - os mais novos ainda posso - ao ar e de os deixar cair nos meus braços.

Interrompi os pensamentos no regresso a casa e ao despir-me, na casa de banho, na presença do F., chega o alívio: "Baia, Baia, o pai tem a meia rota".

segunda-feira, 7 de março de 2005


Blharghhh, que nojo. Posted by Hello

Ovo Kinder


Ando preocupado com o M. e a sua adição ao chocolate. Um ovo kinder por dia parece-me demais. Posted by Hello

sexta-feira, 4 de março de 2005


70 por 47 Posted by Hello

Tal qual o recebi:

"Caro(a) Advogado(a)
Depois do êxito das chancelas selo branco vimos agora apresentar a placa em pedra para advogados, para aplicação interior ou exterior (ver anexo)
Esta iniciativa só foi possível com o protocolo celebrado com o escultor/gravador Vasco Anselmo.Mestre na arte do tratamento da pedra Vasco Anselmo, propõe-lhe esta placa com 70*47 cm de área, 2cm de espessura e 15 kilos de peso, toda trabalhada em pedra tipo Moleanos.
Esta placa executada com toda a mestria dá ao seu escritório mais um toque de classe e requinte,com uma imponência emprestada pelo brilho e arte de um verdadeiro mestre,que executa com perfeição uma placa verdadeiramente personalizada em seu nome ou da
sua sociedade.

Certamente encontrará espaço no seu escritório,hall,sala de reuniões, sala de espera,no hall do seu prédio ou em outro local, espaço para colocar esta placa.
Poderá receber no seu escritório à cobrança (CTT Expresso) esta magnifica placa (com os respectivos acessórios de colocação) com o símbolo da Republica ao centro e com a Balança da justiça no canto inferior direito, 15 dias após a sua encomenda.
Caso tenha uma sugestão diferente e que pode passar pela inscrição de outros caracteres incluindo o seu logotipo não hesite em contactar-nos, pois executaremos uma maqueta(sem quaisquer custos) e enviaremos por email para sua apreciação.
Para encomendar bastará indicar o seu nome profissional e o numero da cédula, numero de contribuinte e ainda se pretende placa interior ou exterior (traz já os quatro orificios feitos, para a colocação).
O preço
312 Euros para o Continente (c/ Iva incluido e todas as despesas de envio e cobrança)
375 Euros para as Ilhas (c/ Iva incluido e todas as despesas de envio e cobrança)"

De sorriso parvo

fiquei quando vi a M., na escola, a dar as mãos e a olhar para o F., com um olhar tão terno que não podia deixar de ser de amor.

quinta-feira, 3 de março de 2005

I've got to admit, it's getting better

"(deve-se falar das coisas que nos correm menos bem, mas não é justo que simultaneamente não se fale e elogie quando as coisas correm bem...sendo assim aqui vai...)



Estive no teu espelho e dei comigo numa célebre noite de 22 de Março de 2004, onde tive a honra e o " prazer" de ser o "escolhido", de acordar ás 6 da manhã e partilhar contigo o teu (nosso) mundo.

passou um ano...

e sinto e sei que te sentes melhor, mais tranquilo, mais confiante e menos ansioso.

Parabéns. Conseguiste. Estás mais feliz.(e eu também)

Sempre
M
"
(por email de hoje)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

Sweet sixteen

E, de repente, um sorriso aberto à minha frente e sou chamado como era quando andava na secundária.

Maturity Date

À porta do
INC
OGN
ITO, um homem de pera agarra-me na mão e, de olhos nos olhos:
"sabes, és a única pessoa com maturidade aqui dentro"
no fim da pausa de que precisei para preparar a resposta que não dei, ouço:
"tens a mão tão quentinha".

tributo ao P e ao D'Artagnan

xiiiiu....

de chocolate?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Up and down

Berlaito seguido de valeriana, "à la M.".
S., rindo: "pode ser que ele - o M. - também te arranje uma cunha no CAT de Alcântara."

Bons exemplos a seguir

Usar a mesma garrafa de água em todos os jogos; telefonar às pessoas.

Ordem da mochila

meias (2 pares), tshirt, calças, polar azul, camisola nike, polar verde, ténis, luvas.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Fiz sozinho

PSL sobre a decisão da demissão: "decidi sozinho".
M., 3 anos, sobre por e tirar o cinto no carro e abrir a porta: "bébé faz!"

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

apontamentos

O M. rosna quando é contrariado.
O F. mordeu o rabo da melhor amiga.
Ficam lindos a adormecer juntos, abraçados na mesma cama, enquanto ouvem a história ("pai, hoje é daquelas inventadas, não é com livro!")

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Comia-o todo

diz uma senhora, nortenha pois claro, enquanto acaricia o poster do josé sócrates, estimulada pela figura dele e pela câmera da SIC.

e votará nele?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

10 (ou menos!!) anos depois

o mercado da ribeira de manhã.

denial de grupo

Que psicoterapeuta aguenta - com tanto sucesso (ou insucesso, mas seguramente com igualdade de resultados) - 7 milhões de pacientes firmes na negação psicótica do baile no tapete verde brandindo na mão uma flute de ranço?

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

minha senhora, 180

Entre o brilhantismo de ALA e ABL e a decadência do espectáculo fruta e cores, na sala preto e prata do casino estoril (onde, para gáudio de todos, também existe uma sala chamada Extoril!!), uma incursão vertiginosa - mas contida em 20 euros - às slots.

O meu azar é compensado pela sorte da S. - fiel à máquina e ao método - que transforma os seus 10 euros em 180, fixados no visor como um prémio de 900 moedas, com o acender da luz de cima da máquina e pela chegada, tão vagarosa como ansiada, do colega da bandeja: "minha senhora, 180"

sábado, 22 de janeiro de 2005

à janela

M: pai!, à janeia, vê carros!
Eu: sim filho.
M: bébé aba janeia. bébé aba.
Eu: sim filho.
M: dôj carros, pai.
Eu: e as pessoas, M.?
M: a todos à casa, pai.
Eu: a fazer o quê, M.?
M.: a agê aiates, pai.
Eu: e tu gostas de agê aiates, filho?
M: xim, pai.

A egotrip e os onanistas

Depois de ter ingerido mais um gole de elixir da vaidade, PSL dirigiu-se ao palácio nos seus passos de pavão emproado e surgiu na tribuna engalanada.

Qual camaleão, sempre adaptado ao meio que o rodeia, vestia de primeiro ministro, exibindo a camisa e a gravata de estilo próprio. Os botões de punho evidentes escondiam a proverbial fita da nossa senhora do Bonfim, velha, gasta e inútil em função de o seu dono considerar que o desejo de omnipotência (que repetiu 3 vezes, uma por cada nó a que tinha direito) já se tinha concretizado.

A sua epifania d’ Umbigo, o mundo em que vivia, começa com o apelo de DB, o a-caminho-de-ex-maioral da freguesia para ser o-mais-insignificante-maioral-do Concelho, que lhe pede que – um dia !, - transforme a freguesia num país para que o Concelho seja um Continente. É aqui, nesta fase que PSL profere pela única vez – no que veio a ser unanimemente qualificado pela crítica como “a defesa da noite” – o nome do país em que vivia, e proclama ao mundo o orgulho patriótico que este sentia em ter ex-maioral da freguesia travestido de maioral do Concelho.

O relaxante muscular começava a fazer efeito, que em préhipnose ainda sonho ouvi-lo partilhar com o mundo que tinha inquirido o maioral do Concelho sobre aspectos pessoais da vida de um maioral do concelho.

Depois – ou antes, que a ordem dos factores é indiferente, como a matemática e o personagem – sou embalado por uma sentida e humana explicação sobre o calor e a inutilidade das tomadas de posse, que têm gente a mais e que aquilo não interessa nada que as pessoas só lá vão (simpáticas e queridas) para os cumprimentos, e que a sala é pequena e não tem ar condicionado e que é por isso que só naquela tarde eu vi cair três. A analogia com aquele tribunal criminal da Pinheiro Chagas é evidente.

[E não é que um gajo até se compadece com o guarda redes do clube das distritais que recebeu o Chelsea e levou 9 nos primeiros 45 minutos, 14 nos segundos (a soma dá 23, eu já fiz a conta), demorou 89 minutos para fazer uma defesa e passou o resto da sua vida a falar mal dela. Da defesa que jogava à frente dele. E que nesta altura passa a ser esquecido como o-gajo-que-defendeu-aquele-pontapé-do-Robben e lembrado como o –sacana-que-enfiou-23-batatas-e-não-tem-vergonha-na-cara-que-só-fala-daquela-vez-que apanhou-a-bola-arremessada-pelas-mãos-do-outro-guarda-redes.]

Mas, atenção, que apesar de a sala dos cumprimentos estar cheia de gente, como o metro em hora de ponta, o que não faltam é pessoas de punhal (nas nossas costas) empunhado, como os bancos que mudam de opinião, os sindicatos que a mantêm – que a indústria não ouvi, que engraçado!

O (s)ilógico Saraiva entra em campo com o conforto de quem tinha feito o trabalho de casa e saca da manga a imagem das metades da laranja, a da esquerda e a da direita, uma cheia de barões e outra cheia de homens de fato antracite brandindo aparelhos de medição de lealdade ao líder empregador, que dá electro choques de alta voltagem quando os níveis baixam.

A jogar em casa, PSL paga para ver e devolve a metáfora, que a laranja foi dividida por ele, e ele, como homem experiente que é, nunca dividiria a laranja em partes iguais e que há uma metade que é mais pequenina que a outra, embora a outra seja mais suculenta e apetitosa.

Assisto estupefacto à telenovenezuelanização da política portuguesa, com a Carmencita escondendo o riso nervoso por ter sido apanhada a destruir lares e a ganir : “que la culpa no es mia, que nada há echo para merecer tanta maldade” que todos os meus inimigos – até os amigos (cuidado, olhem que eu dia um conto, olhem olhem!) – são amigos do meu inimigo, o outro dos tabus...ah, e o outro, o instável (que o velho não desampara a loja, xiça!) que apoia o filho (como é que é possível!, devia estar preso) e ainda o outro dos (outros) tabus.

E pronto, agora é que é, vamos para o debate a sério, sobre política a sério: que o episódio do Professor foi uma mistificação, toda a gente sabe isso, que só o DN é que gosta de nós, que agora como os cartazes não são meus já ninguém liga, são lindos, digam lá se não são? C’est pas mon genre, je dirai même plus.

Pois, exactamente.

Adormeço no sofá e acordo estremunhado à meia noite e dezassete, com a gata ao colo a mandar-me para a cama. A televisão exibe um país à beira da ruína e uma população adoecida com reumatismo e sem tratamento por falta de pessoal médico habilitado. São uns merdas, penso. Se aprendessem todos com o PSL a malta saía toda das montanhas, esquecia o reumatismo – que isso das doenças é coisa da esquerda, que só quer é mandriar –, íam à luta por uma câmara discreta, depois da câmera indiscreta, e depois, com golpes de asa, alapávam-se à cadeira de realizador, nunca mais de lá saíam e fazíam cada um o seu país, à nossa imagem e semelhança narcísica.

E agora posso ir dormir, que já não sinto os electrochoques.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

Recupero

O Blog, o F., a minha capacidade de comunicar e tudo o resto.

Better, better, better!

(este é para ti, S.)

Super

"Super - elemento de formação da palavras que exprime a ideia de superioridade, excesso." (In Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)

Super
Hiper
Síper

Superlativos indicados por T., um português radicado (no verdadeiro sentido do termo) no Brasil.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

This is Houston calling...

e tudo isto é um contrasenso.

dilema

Duas garrafas de bebidas diferentes, ambas no fim. Tiras a que gostas mais (sensação/sentimento que partilhas com as pessoas que vivem contigo) ou tiras a que gostas menos (e partilhas a preferida com as pessoas que vivem contigo)?

Perdi

a minha capacidade de comunicar.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

pull my joints

Devia eu estar pacificamente em gozo do meu torcicolo - meu grande amigo desde há 10 dias - e a assistir ao jogo em que deveria jogar, quando fui forçado a, em ritual transformista não desejado, tirar a canadiana e vestir a bata branca do endireita e, perante os seus gritos de dor, puxar o encavalitado anelar do meu substituto, meu amigo de há 20 anos.

[diga-se, em sua homenagem, que em rigor dos princípios, devia ser eu o substituto dele]

A manobra - parece que os ortopedistas lhe chamam manobra de redução - correu bem: o E. só terá de andar de tala - e com ela desfilar no sambódromo - durante 15 dias e a radiografia mostra um dedo direitinho.

Mas calculo que haja maneiras menos dolorosas de cimentar uma amizade.

tributo ao E.


terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Quando eles saem de Lisboa

Começo a sonhar com o Rio e com o regresso dos Posts.

times they are achanging

Quando o zénite da passagem de ano coincide com um desfile de moda de 3 miúdos e 3 miúdas, todos dos 2 aos 7 anos, que, sem pedir nem avisar, se fecharam na casa de banho e trocaram de roupa entre eles e em particular quando, no fecho do desfile - aquela parte em que os modelos aparecem acompanhados do criador, que neste caso com eles se confundia -os putos pegaram, todos de tronco nú, em objectos ao acaso do WC: uma saboneteira, um piassaBA, um frasco de champo, um rolo de papel higiénico.
Quando a meia noite é passada a dançarmos uns com os outros e com os putos ao colo, ao som de - beware! - Frank Sinatra.
E quando os nossos desvarios alucinados são comentados pelos mais velhos dos dois putos, propositadamente na nossa presença: "Os pais estão muito malucos."
E, sobretudo, quando o balanço de tudo isso é uma intensa e profunda tranquilidade.

a melhor canja do mundo

não é da minha mãe (cujos dotes de culinária permanecem por revelar) nem as das minhas avós (que só uma delas cozinhou para mim numa fase da minha vida em que eu não podia, por dever de ofício, gostar de sopa), nem da S.(cujo top 10 não inclui qualquer sopa)mas sim a da escola do F.

Não é, evidentemente, pelo seu sabor, que a mesma é suficientemente insípida para ser apreciada por todos os frequentadores.

É mais por ser comida à mesa com os miúdos, com o F. em frente e pelo prazer de ouvir: "Ó pai do F, tu não sabes que não se fala com a sopa à frente?"

e, afinal, os 6

na galiza devorando francesinhas, em serralves devorando Paula Rego, no Ourigo devorando chá - excepto o Tom Outlet, que o acompanhou com bagaceira -, no Alforno, devorando as mais diversas iguarias, no Mercedes, devorando alcool e em casa dos dois elementos surpresa, devorando o conteúdo da impecável despensa e do impecável frigorífico, tudo forrado com o magnífico calor do aquecimento central.